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Conhecendo: "Um corpo na biblioteca", de Agatha Christie


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Demorou, contudo finalmente temos post no blog sobre um livro da fantástica Agatha Christie 😊 Para ser sincera, "Um corpo na biblioteca: um caso de Miss Marple" não foi o meu primeiro contato com a escrita da autora. Anos atrás a conheci por meio de "O Caso dos Dez Negrinhos", lembro de ter ficado fascinada com a trama. Engoli as páginas em poucas horas e fiquei boquiaberta com o final. Naquele dia entendi o porquê de Agatha ser chamada de Rainha do Crime. Ela não só possui controle sobre seus personagens, como também sobre seus leitores. É quase impossível resistir ao impulso de ler suas histórias até a última página. Queremos saber quem são os assassinos, mas suas narrativas são tão bem arquitetadas, que acabamos sendo um Dr. Watson do seu Sherlock Holmes (ou melhor, da sua Miss Marple).

“Mas você é ótima em assassinatos. Ela foi estrangulada, sabe? Já que houve um assassinato na minha própria casa, é melhor pelo menos me divertir com isso. Não sei se está me compreendendo. É por isso que quero que venha ajudar-me a descobrir quem fez isso e esclarecer todo o mistério. É realmente excitante, não acha?” 

- Fala de Dolly Bantry para Miss Marple, p.13.



Dados Técnicos

Título original: The body in the library (1942)
Autora: Agatha Christie
Ficção policial inglesa

Título: Um corpo na biblioteca: Um caso de Miss Marple
Tradução: Edilson Alkimin Cunha
Nova Fronteira, 2014
184 páginas

Vou evitar dar spoiler da história, pois vale muito a pena ler a obra. Então só farei pequenos comentários, pode ser? Para resumir os fatos, o livro começa com o corpo de uma mulher sendo encontrada na biblioteca da casa do coronel Bantry, um homem muito respeitado na região. Ninguém sabe quem é a moça assassinada, já que nunca a viram no bairro. A polícia é chamada para resolver o mistério, mas como a esposa do coronel é amiga da Miss Marple, uma senhora que já teve sucesso em resolver outros crimes, a convida para desvendarem juntas o caso. Para complicar um pouco mais, um carro em chamas é encontrado com o cadáver de outra jovem, não tão longe da estrada para a residência dos Bantry.

Claro que não contarei mais que isso. Quero apenas pontuar alguns assuntos que não são tão relevantes para o desfecho da trama, entretanto são marcas da incrível escrita da autora.



 A descrença que os oficiais possuem na percepção e intuição da Miss Marple: embora ela já tenha desvendado um crime anterior, sua opinião não é levada em conta (nem ouvida, para falar a verdade) pelas autoridades encarregadas do caso de assassinato. A tratam como uma senhora da aldeia, que possui conhecimento sobre as pessoas da região em que mora e que teve apenas "sorte", contudo por agora se tratar de uma pessoa desconhecida como vítima, seu conhecimento será limitado. Tolos, tolos, pois Marple desvenda todo o mistério bem antes deles.

“- Se quer minha opinião, sua esposa vai querer bancar a detetive amadora. Miss Marple é o tipo da investigadora de província. Ela já nos passou a perna, uma vez, não foi, Slack?

- Aquilo foi diferente - disse o inspetor Slack.

-Diferente de quê?

- Daquela vez era um caso local, Sir. A velha sabe de tudo que se passa na aldeia, isso é verdade. Mas o que temos aqui está fora da alçada dela.” 

- Diálogo da página 18.


 A fofoca maldosa: não serei hipócrita, provavelmente eu também julgaria o sr. Bantry de infiel e assassino. Não estão entendendo nada, certo? Quando o corpo da moça foi encontrado na casa da família, correram fofocas por toda a região. Esse nosso jeito de julgar os outros sem nem entender os fatos... A questão é que, da noite para o dia, um homem que era bem quisto por quase todos os vizinhos, tornou-se um vilão, sendo excluído da sociedade. O que achei bonito foi a confiança de sua esposa Dolly, que nem por um momento duvidou de sua inocência e ainda se preocupou com a reação do marido aos perjúrios que estavam sendo ditos sobre sua pessoa. Será que somos capazes de amar e confiar assim em alguém?

“É claro que sim! Não tenho a menor  dúvida de que já estarão falando nisso. E dirão ainda mais coisas. As pessoas tratarão os Bantry com desprezo e os evitarão. Eis por que a verdade deve ser estabelecida e por que vim para cá com a sra. Bantry. Uma acusação aberta é uma coisa, uma situação muito fácil para um soldado enfrentar. Ele ficará indignado mas terá uma chance de lutar. Mas esses boatos ao pé do ouvido o arrasarão... destruirão a ambos. Temos, portanto, Sir Henry, de descobrir a verdade.” 

- Fala de Miss Marple na página 92.



 A falta de imparcialidade: num mundo perfeito seríamos todos tratados da mesma maneira, independe de gênero, raça, condição financeira ou N outras coisas que nos fazem ser desconsiderados como merecedores de igual respeito. Agatha retrata bem esse ponto, seja no modo como a hierarquia familiar é estabelecida ou nos julgamentos de valores feitos pelos vizinhos (ou, até mesmo, pelo coronel quando o assunto é Basil Black).

“- Sim, é da polícia de Gossington. Como? Oh, bom dia, senhor.

O tom de voz do policial passou por uma ligeira modificação. Tornou-se menos impaciente, ao reconhecer a voz do generoso patrono dos esportes da polícia e principal magistrado do distrito.” 

- Trecho da página 11.


Dessa vez não colocarei os personagens ou darei mais detalhes (vão ler o livro 😉). Só queria fazer esses comentários mesmo. Espero que tenham ficado curiosos para saber o final da obra. Beijos e boa leitura!




Agatha Mary Clarissa Miller nasceu em Torquay, condado de Devonshire, Inglaterra, em 15 de setembro de 1890. Foi educada segundo a melhor tradição europeia, embora seu pai fosse americano. Sua família acreditava que seria cantora lírica ou pianista, contudo sua paixão era a escrita. Casou em 1914 com o coronel Archibald Christie, sobrenome que adotou para a autoria de suas obras. Alistou-se como voluntária no Exército da Cruz Vermelha durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1930 casou novamente e viajou pelo Oriente com o esposo, passeio que rendeu algumas de suas obras famosas. É, até hoje, a maior escritora de romances policiais. Faleceu dia 12 de janeiro de 1976.


Agatha Christie - Biografia. Disponível em: <https://www.cin.ufpe.br/~pmgj/agatha/biografia.html>


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