“Mas você é ótima em assassinatos. Ela foi estrangulada, sabe? Já que houve um assassinato na minha própria casa, é melhor pelo menos me divertir com isso. Não sei se está me compreendendo. É por isso que quero que venha ajudar-me a descobrir quem fez isso e esclarecer todo o mistério. É realmente excitante, não acha?”
- Fala de Dolly Bantry para Miss Marple, p.13.
Dados Técnicos
Autora: Agatha Christie
Vou evitar dar spoiler da história, pois vale muito a pena ler a obra. Então só farei pequenos comentários, pode ser? Para resumir os fatos, o livro começa com o corpo de uma mulher sendo encontrada na biblioteca da casa do coronel Bantry, um homem muito respeitado na região. Ninguém sabe quem é a moça assassinada, já que nunca a viram no bairro. A polícia é chamada para resolver o mistério, mas como a esposa do coronel é amiga da Miss Marple, uma senhora que já teve sucesso em resolver outros crimes, a convida para desvendarem juntas o caso. Para complicar um pouco mais, um carro em chamas é encontrado com o cadáver de outra jovem, não tão longe da estrada para a residência dos Bantry.
> Claro que não contarei mais que isso. Quero apenas pontuar alguns assuntos que não são tão relevantes para o desfecho da trama, entretanto são marcas da incrível escrita da autora.
✔ A descrença que os oficiais possuem na percepção e intuição da Miss Marple: embora ela já tenha desvendado um crime anterior, sua opinião não é levada em conta (nem ouvida, para falar a verdade) pelas autoridades encarregadas do caso de assassinato. A tratam como uma senhora da aldeia, que possui conhecimento sobre as pessoas da região em que mora e que teve apenas "sorte", contudo por agora se tratar de uma pessoa desconhecida como vítima, seu conhecimento será limitado. Tolos, tolos, pois Marple desvenda todo o mistério bem antes deles.
“- Se quer minha opinião, sua esposa vai querer bancar a detetive amadora. Miss Marple é o tipo da investigadora de província. Ela já nos passou a perna, uma vez, não foi, Slack?
- Aquilo foi diferente - disse o inspetor Slack.
-Diferente de quê?
- Daquela vez era um caso local, Sir. A velha sabe de tudo que se passa na aldeia, isso é verdade. Mas o que temos aqui está fora da alçada dela.”
- Diálogo da página 18.
✔ A fofoca maldosa: não serei hipócrita, provavelmente eu também julgaria o sr. Bantry de infiel e assassino. Não estão entendendo nada, certo? Quando o corpo da moça foi encontrado na casa da família, correram fofocas por toda a região. Esse nosso jeito de julgar os outros sem nem entender os fatos... A questão é que, da noite para o dia, um homem que era bem quisto por quase todos os vizinhos, tornou-se um vilão, sendo excluído da sociedade. O que achei bonito foi a confiança de sua esposa Dolly, que nem por um momento duvidou de sua inocência e ainda se preocupou com a reação do marido aos perjúrios que estavam sendo ditos sobre sua pessoa. Será que somos capazes de amar e confiar assim em alguém?
“É claro que sim! Não tenho a menor dúvida de que já estarão falando nisso. E dirão ainda mais coisas. As pessoas tratarão os Bantry com desprezo e os evitarão. Eis por que a verdade deve ser estabelecida e por que vim para cá com a sra. Bantry. Uma acusação aberta é uma coisa, uma situação muito fácil para um soldado enfrentar. Ele ficará indignado mas terá uma chance de lutar. Mas esses boatos ao pé do ouvido o arrasarão... destruirão a ambos. Temos, portanto, Sir Henry, de descobrir a verdade.”
- Fala de Miss Marple na página 92.
✔ A falta de imparcialidade: num mundo perfeito seríamos todos tratados da mesma maneira, independe de gênero, raça, condição financeira ou N outras coisas que nos fazem ser desconsiderados como merecedores de igual respeito. Agatha retrata bem esse ponto, seja no modo como a hierarquia familiar é estabelecida ou nos julgamentos de valores feitos pelos vizinhos (ou, até mesmo, pelo coronel quando o assunto é Basil Black).
“- Sim, é da polícia de Gossington. Como? Oh, bom dia, senhor.
O tom de voz do policial passou por uma ligeira modificação. Tornou-se menos impaciente, ao reconhecer a voz do generoso patrono dos esportes da polícia e principal magistrado do distrito.”
- Trecho da página 11.
> Dessa vez não colocarei os personagens ou darei mais detalhes (vão ler o livro 😉). Só queria fazer esses comentários mesmo. Espero que tenham ficado curiosos para saber o final da obra. Beijos e boa leitura!
Agatha Mary Clarissa Miller nasceu em Torquay, condado de Devonshire, Inglaterra, em 15 de setembro de 1890. Foi educada segundo a melhor tradição europeia, embora seu pai fosse americano. Sua família acreditava que seria cantora lírica ou pianista, contudo sua paixão era a escrita. Casou em 1914 com o coronel Archibald Christie, sobrenome que adotou para a autoria de suas obras. Alistou-se como voluntária no Exército da Cruz Vermelha durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1930 casou novamente e viajou pelo Oriente com o esposo, passeio que rendeu algumas de suas obras famosas. É, até hoje, a maior escritora de romances policiais. Faleceu dia 12 de janeiro de 1976.
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