Ao desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que só para mim
Anda o mundo concertado.
- Luís de Camões |
Interpretando o Texto:
Eu lírico apresenta a inversão dos valores (bem/mal), as injustiças presentes no mundo (desconcertado), onde quem é bom sofre ("Os bons vi sempre passar / No mundo graves tormentos") e o mau é recompensado ("Os maus vi sempre nadar / Em mar de contentamentos"). Em sua tentativa de ser bom nesse mundo torto, acaba fazendo algo ruim. Eu lírico afirma que é punido pela sua ação de tal forma que "só para mim / anda o mundo concertado".
Ficha Técnica:
Total de estrofes: 1 décima (esparsa)
Versos: redondilha maior
Sequência de rimas: ABAABCDDCD (rimas mistas)
Luís Vaz de Camões (1524-1580) foi um dos grandes nomes da literatura portuguesa. Nascido em Lisboa e de boa família, estudou literatura, história e geografia. Abandonou o curso de teologia para se dedicar à filosofia, sempre produzindo suas poesias. Era um tanto boêmio, o que lhe rendeu infortúnios. Lutou como soldado pelo seu país (e até perdeu um olho). Imortalizou as glórias de Portugal em seu poema épico, "Os Lusíadas". Infelizmente morreu na miséria, como um qualquer.
Versos: redondilha maior
Sequência de rimas: ABAABCDDCD (rimas mistas)
CAMÕES, Luis de. Ao desconcerto do mundo. Disponível em: <http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v367.txt>
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